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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

HISTORIA DO TITÃS


Após várias divergências enfrentadas - como a indisposição do co-fundador Ciro Pessoa de continuar no grupo[1] - os Titãs - agora sem o "do Iê Iê" que carregavam no nome[1] - gravaram seu primeiro álbum, com onze faixas. Embora com um repertório afiado (criado nos então dois anos de existência da banda), o disco decepcionou o conjunto no que tange à produção, realizada em um estúdio de gravação (24 canais), o Áudio Patrulha,na época, o estúdio em São Paulo, com a mais nova tecnologia de gravação de áudio multicanal, deixando o som bastante fraco, em função da falta de experiêcia técnica e artística do grupo. Ainda assim, foi um disco bem recebido pela crítica daquela época.
Foi nele que os Titãs vieram a conhecer seu primeiro grande sucesso: "Sonífera Ilha"[1], cantada por Paulo Miklos. Assinada por Tony Bellotto, Marcelo Fromer, Branco Mello, Ciro e Barmack, garantiu presenças constantes nas rádios e em atrações televisivas como a Discoteca do Chacrinha e o Programa Raul Gil. As vendagens de Titãs, porém, foram decepcionantes: o álbum não chegou nem mesmo a 50 mil cópias vendidas. Parte da culpa foi atribuída ao lançamento em compacto da própria "Sonífera Ilha", que acabou por trazer "Toda Cor", futuro single, no lado B, que vendeu cerca de 60 mil exemplares. Mas o lançamento de singles era uma praxe no mercado brasileiro na época e uma ferramenta decisiva para o sucesso de bandas contemporâneas dos Titãs, como o Ultraje a Rigor e o Kid Abelha. Nesse sentido, o lançamento do single é uma explicação pouco convincente para as baixas vendagens do disco de estréia.
Fora estas duas faixas, ainda constam versões para: "The Harder They Come", de Jimmy Cliff, que Nando Reis interpretou como "Querem Meu Sangue"; "Patches" (de Ronald Dunbar e G. N. Johnson), vertida para o português como "Marvin" por Nando e Sérgio Britto; e de "Ballad of John and Yoko" (dos Beatles), transformada por Sérgio em "Balada Para John e Yoko", sem contar a versão inicial de "Go Back", feita pelo tecladista a partir de um poema de Torquato Neto. Todas seriam posteriormente revistas em outros discos do grupo, com resultados consideravelmente superiores tanto do ponto de vista artístico quanto financeiro.
No final daquele ano de 1984, André Jung sai da banda[1]. Acharam em Charles Gavin, ex-membro do Ira! e então membro do RPM, o substituto ideal para os futuros trabalhos[1]. Curiosamente, André Jung entraria em seguida para uma das bandas mais tradicionais do rock'n'roll brasileiro - o mesmo Ira! que Charles Gavin abandonara por discordar dos rumos mods que o grupo seguia, estética e sonoramente.[2].
Com 15 anos de carreira, o Titãs é uma das bandas mais misteriosas do rock nacional. Apostaram na diversidade, misturando estilos como punk, funk, hard rock, pop, new wave e MPB, mudaram de imagem e intenções diversas vezes, e conseguiram realizar uma façanha: mantiveram por todos esses anos um público fiel e, com certeza, causaram muita controvérsia, pois não pensavam duas vezes antes de fazer duras críticas a sociedade e incluir palavrões em suas músicas.
Em 1982, com um grande número de integrantes, a banda já causava estranheza no público, eram nove: Arnaldo Antunes (vocal), Paulo Miklos (vocal, sax, guitarra), Marcelo Frommer (guitarra), Sérgio Britto (vocal, teclado), Toni Belloto (guitarra), Branco Mello (vocal), Nando Reis (baixo, vocal), André Jung (bateria) e Ciro Pessoa (vocal). Essa formação surgia com o nome de “Titãs do Iê-Iê” (e não “Iê Iê Iê” como muitos contam) e a proposta inicial era fazer apenas uma releitura da Jovem Guarda.
Dois anos depois, com a saída de Ciro Pessoa em 84, assinaram com o selo WEA e lançaram o primeiro disco, auto-intitulado. Sem estilo definido, o único sucesso do disco foi “Sonífera Ilha”, que chegava a ser cantada de 3 a 4 vezes durante os shows. Segundo Sérgio Britto, a falta de um estilo próprio, de um direcionamento musical definido era proposital, uma ideologia da banda.
No ano seguinte sairia o segundo disco “Televisão”, produzido por Lulu Santos. A variedade de estilos continuava, canções pesadas e pops dividiam espaço entre as gravações.
No mesmo ano, a imagem da banda seria marcada pela prisão de Arnaldo Antunes e Tony Belloto por porte de heroína. Foram 26 dias de cárcere, onde Arnaldo passou chorando e rezando, segundo o próprio.
Em 1986, com uma produção e musicalidade de peso, os Titãs chegam ao auge da carreira com o que pode ser considerado um verdadeiro marco na história do rock tupiniquim: lançam o disco “Cabeça Dinossauro”, que faz duras críticas a igreja, a polícia, a família e a sociedade. Um álbum agressivo, contundente e pertinente. É uma obra básica para os amantes do BRock.
Com a entrada de Charles Gavin no lugar de André Jung, "Cabeça Dinossauro" seria o disco mais pesado, mais punk de toda a carreira da banda. Pela primeira vez podia se enxergar ali uma identidade definida, a verdadeira face do grupo.
Músicas como "Policia", "AA UU" ,"Porrada", "Igreja" e "Bichos Escrotos", que foi censurada, mostravam toda a agressividade e senso crítico da banda, seria uma revolução no rock nacional. Neste disco estava ainda um dos maiores sucessos do grupo, a música “Homem Primata”, que era continuamente executada nas rádios.
E quem pensava que a banda teria encontrado o seu caminho, se enganou. Contrariaram todas as expectativas com o lançamento do próximo disco “"Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas" que, apesar de conter algumas músicas pesadas, continha diversos samplers e efeitos eletrônicos Segundo Arnaldo Antunes, a banda não desejava outro Cabeça Dinossauro. O público continuava fiel.
Em 1988, gravado durante a apresentação da banda num festival na Suiça, é lançado “Go Back”, com o objetivo de resgatar canções da fase anterior a Cabeça Dinossauro. Entre elas estavam as faixa “Marvim” e “Go Back”.
No ano seguinte, em Pernambuco, conheceram a dupla Mauro e Quitéria, que cantavam em uma língua estranha, misturando diversos idiomas. Daí viria a inspiração para o próximo trabalho. O canto dos nordestinos foi usado em "Õ Blèsq Blom ". A faixa “O Pulso” seria o maior sucesso do disco.
Dispensando produtores e de forma totalmente independente, lançam em 91, o álbum "Tudo Ao Mesmo Tempo Agora ". Este seria o mais polêmico disco dos Titãs, por trazer incluídos nas letras palavrões e termos escatológicos, além de um som sujo e pesado.
A banda sofreu duras críticas da mídia e, consequentemente, as músicas tiveram vida curta nas rádios. Somado a isso, os Titãs levariam um duro golpe com a saída de Arnaldo Antunes, o nome mais marcante da banda, que deixava a banda para realizar projetos individuais ,que não cabiam no grupo.

Para amenizar a situação, contratam o produtor norte-americano Jack Endino, famoso por trabalhar com grupos grunges de Seattle, como Nirvana e Soundgarden, para produzir “Titanomaquia”, um retorno ao rock pesado que emplacou vários hits. Porém um dos fatos mais marcantes deste disco, foi o fato de ele vir embalado em um saco de lixo.
Após o fim dessa turnê a banda entra em uma grande crise. Os integrantes se separam e resolvem se dedicar a novos projetos. Toni Belloto lança o livro "Bellini e a Esfinge", Nando Reis lança o CD "12 de Janeiro" um trabalho solo, Paulo Miklos também lança seu trabalho solo. Charles Gavin produziu o álbum de estréia da banda Moleques e, junto com Nando Reis, produz o álbum Vange, da cantora Vange Leonel. Os Titãs lançam em conjunto com a WEA um selo, Banguela Records, que revelou outras bandas, entre essas Raimundos.
Parecia definitivamente o fim da banda. Porém, em 1995, novamente eles contrariam as expectativas, mudam de rumo mais uma vez e, novamente com Jack Endino produzindo, lançam o disco “Domingo”, um dos mais pop desde “Televisão”, apesar das participações peso-pesado de Andreas Kisser e Igor Cavalera do Sepultura, Herbert Vianna e João Barone dos Paralamas do Sucesso.
No ano de 1997, entram no projeto Acústico e lançam um disco em comemoração aos 15 anos de carreira. Com mais de 1 milhão e meio de cópias vendidas, o Acústico se tornou um dos discos mais bem sucedidos do grupo em termos de vendagem.
Além de grandes sucessos revestidos em novos arranjos, o álbum conta ainda com 4 canções inéditas e diversas participações especiais, incluindo Rita Lee, Marisa Monte e o reencontro com o ex-titânico Arnaldo Antunes, entre outros.
No ano de 1998, lançam o disco “Volume II”, uma continuação do Acústico, mais sucessos antigos que não entraram no primeiro, juntamente com algumas inéditas e duas covers. Com uma fórmula desgastada e algumas músicas cansativas e enfeitadas demais, não alcançou o sucesso do disco anterior e deixou muitos fãs enfurecidos.
Em 1999, mais um disco lançado com a ajuda de um velho conhecido, Jack Endino. Este álbum porém não agrada nem critica e nem fãs antigos. O álbum “As Dez Mais”, é um apanhado de covers de vários artistas da música brasileira como Roberto Carlos, Raul Seixas, Mamonas Assassinas, Tim Maia, entre outros. A banda foi acusada de lançar esse disco apenas como caça-níqueis e por não terem criatividade para lançarem material inédito.
Comportados, sentados em banquinhos e tocando violões, não lembram nem de longe aquele bando de malucos que balançavam a cabeça e metiam o pau em tudo na ótima fase de Cabeça Dinossauro. Com toda essa diversidade musical, o grupo foi ganhando e perdendo fãs a cada ano e disco lançado. Mas a imensa maioria continua fiel, talvez esperando que um dia a banda volte a fazer novas obras-primas como “Cabeça Dinossauro”.

Em 2001, ocorreu a maior perda da história da banda. O guitarrista Marcelo Frommer foi atropelado por um motoqueiro enquanto corria pelo bairro do Jardins (São Paulo, Capital), sendo levado em coma para o Hospital das Clínicas e morrendo dois dias depois. Apenas um ano depois seria encontrado o motoboy, responsável confesso pelo atropelamento.
Em 2002 o baixista Nando Reis abandonaria a banda por "diferenças musicais", assumindo de vez uma já bem sucedida carreira solo como compositor e intérprete, além de se dedicar a trabalhos de produção como o do disco póstumo de Cássia Eller. A banda não chegou a interromper a turnê do novo disco, "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", sendo a vaga de Nando Reis preenchida por Lee Marcucci. Embora a saída tenha sido amigável, o lançamento da biografia do grupo, "A Vida Até Parece Uma Festa", no final de 2002, geraria protestos de Nando Reis, que teve sua imagem digitalmente removida da foto que ilustra a capa do livro.

Formação

  • André Jung: bateria e percussão
  • Arnaldo Antunes: vocal
  • Branco Mello: vocal
  • Marcelo Fromer: guitarra
  • Nando Reis: baixo ("Sonífera Ilha", "Go Back", "Mulher Robot" e "Pule") e vocal
  • Paulo Miklos: baixo, teclado ("Go Back") e vocal
  • Sérgio Britto: teclados e vocal
  • Tony Bellotto: guitarra

Participações Especiais

  • Alberto Marsicano: cítara ("Demais")
  • Eduardo Souto Neto: arranjos e regência de metais ("Querem Meu Sangue" e "Balada Para John e Yoko")
  • George Freire: sax em ("Marvin")
  • Gil e Nono: trompete
  • Proveta e Baldo: sax
  • Ivan: trombone

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